Dificil escrever quando se está ainda entorpecido…
Não é novidade. Todo mundo sabe disso. Claudio Dundes é o trapalhão em gordura e pessoa. Diante de algo especial (como macarrão) o coração palpita a coordenação de idéias e motora ficam comprometidas.
Mas hoje com um final só feliz. Sem as tragicomédias que permeiam minhas histórias.
Ontem a tarde já tinha combinado com a Mariane que, hoje, eu conduziria o Henrique do apartamento até a porta da Van que o leva para a escola às 06:15 horas. Sem nenhum segundo de tolerância. Pensei: vou de bicicleta. Pensei mais: tenho de fazer uma entrega especial!!!!
Daí meu coração já começou a palpitar, tinha de ser algo especial. E foi. Na livraria Cultura – em cujo subsolo estava estacionada a minha bicicleta – eu fucei e encontrei um livro perfeito para a ocasião. Mas a entrega tinha de ser especial, pensei vou colar uma foto. Mas como, não daria tempo. Todo esbaforido saí rodando na galeria do Conjunto Nacional, encontrei uma fotótica/xerox, mas além de estar fechando ainda não podiam imprimir nenhuma foto da internet. TIM sem sinal, eu não poderia ligar pro Alekão.
– Pelo amor de Deus moça!!!!! Não feche a loja, só vou procurar um sinal de Deus vivo, quer dizer, da TIM, e volto aqui com o e-mail na sua caixa postal. Meu salvador Alekão estava em casa e mandou a foto na hora. A moça também cumpriu a promessa de esperar. Mas ainda não estava bom, porque além do livro eu comprei tesoura e cola bastão, tinha de ser especial. Ainda fiquei até tarde fazendo os detalhes.
Hoje, 04.09.2012, às 04:20 horas. Eu pulei da cama. Tomei Banho. Ajeitei a mala, agora com um sinalizador preso nela (que ganhei do Alekão), acondicionei o presente, tudo a prova de chuva. E antes de sair de casa, outro suplício: “ativar” o endomondo. Mas fácil seria Ana Claudia (minha quase irma gêmea) e eu nos transformarmos em bicho e utilitários de gêlo (Super Gêmeos A TI VAR!)
05:00 horas eu parti com uma garoinha gelada no rosto, mas que não durou mais do que 02 minutos. E 44 minutos e14, 9 km depois eu cheguei na Casa do Henrique… No horário marcado, 06:15, eu subi. Que delícia ver a carinha dele, surpreso comigo paramentado de bicicletista (ele diz dessa forma) naquela hora da manha. E fiz toda a pompa de entregador (quase pedi gorjeta). Fui desabotoando a fivela de aço; o cinto extra; a fivela de plástico, desenrolei a abertura da bolsa e tirei a entrega.
Qualquer semelhança é mera coincidência….
O Henrique desempacotou o livro
O livro conta a história de um Rei, que em vez de usar a carroagem real, só saia para visitar o seu reino numa bicicleta verde abacate, detalhe: o Rei é gordo e distraído.
Gordo e distraído que era sempre esquecia de colocar sua coroa. E conversava, pelo caminho, com Deus e Seu Raimundo, tratando todos de simples e igual. Todos chamavam aquele falastrão de Júlio.
O Rei inscreveu-se no torneio real de sua côrte. E distraído que só ele. Esqueceu do Torneio e, como sempre, saiu em sua bicicleta. Mas lembrou-se do Torneio. E na falastranice que lhe era peculiar, se paramentou de guerreio mas esqueceu o alazão, e duelou, como lhe convinha, com sua amada bicicleta verde abacate.
E assim mesmo, de bicicleta verde abacate, o rei foi o campeão absoluto do torneio, de onde partiu para outra aventura, a ser contada em outro livro.
O livro conta tudo em detalhes numa linda e bem ilustrada história, mas aqui não quero agredir nenhum direito autoral.
A penultima página do livro termina assim:
Mais de perto
O Henrique adorou o livro. E o desfecho deste dia não podia ser melhor. 06:00 da manhã, Henrique pronto pra ir pra escola com a Mari, Vó Lola e Vô Toninho ainda se preparando para encarar a vida lá fora. Mas tinha um pequeno mas lindo bolo. Cantamos parabéns e o primeiro pedaço o Henrique entregou à amada Vó Lola. Percebi uma certa ansiedade no Henrique (com quem parece?) e meio afoito pelo corte dos demais pedaços, eis que entrega ao mesmo tempo e com movimento simétrico de braços os dois pedaços de bolo para a Mariane e para Mim. Não preciso dizer mais nada, preciso??? De lembrar, meus olhos marejam de felicidade e êxtase, de ter aquele ser incrível como meu amado filho. Ah… ele também meteu a mão no meio do bolo e entregou o pedaço do Vô Toninho dizendo-lhe: – o seu foi o último, mas especial, o único com “a cereja” do bolo!!!
Acompanhei-o até a porta da Van… e mesmo distraido e gordo, o rei da emoção que aqui escreve, prestou atenção no transito, sim, nesta hora já tinham muitos carros. E em 45 minutos pedalou 15km de volta.
Pensem num gordo feliz…. Multipliquem por MIL. Agora têm uma noção de como estou!!!!