P A U L E I R A!!!!!!!!!!!!!!!!!!! (pensamento que me ocorreu para abrir este post enquanto eu corria a metade do percurso)

            Vamos ao início:

            Para participar da prova nessa modalidade que aconteceu em Paranapiacaba precisei comprar um tênis específico de montanha e que pudesse usar também em travessias com água. Após troca de e-mails com o site de venda comprei meu tênis.

            Esclareço que o fiz não por puro consumismo, e eu que no ano passado nem tinha conhecimento de tipos de tênis e etc…. (post de estréia neste blog), mas como venho de uma recuperação de rompimento de 2 ligamentos, mais o fato da orto ter me advertido que em qualquer corrida eu deveria usar faixa para prevenção de nova lesão, comprei a faixa e há 2 semanas adquiri tênis próprio para essa corrida.

    

             Sábado de manhã partimos para Paranapiacaba, aqui em Sampa o dia estava quente e abafado. Chegando a Ribeirão Pires o tempo começou a mudar, estava nublado com um pouco de neblina.

             Chegamos a nosso destino, estacionamos e ajeitamos as tralhas. Eu levei uma muda de roupa limpa, toalha, bolachas para a Syssi e Igor, água, kanga para estender em algum gramado para esticar os esqueletos, Sy levou jogo de cartas, enfim, uma mochilinha básica de domingo no parque, para entreter quem ficaria nos aguardando já que eu sequer tinha noção do meu tempo de percurso.

             Quando estávamos nos encaminhando para o Mercado Antigo, local de concentração da prova, ao acaso ouço um cumprimento efusivo, chegava o Claudio, Alex e Elis, se tivéssemos combinado local não teria dado tão certo!

    

               Finalmente eu conheceria a pessoa Elis, companheira de treinos do Claudio, parceira de algumas corridas do Paulo Mota, agora Baleia, comentarista de meus post e eu os dela. Maravilhoso encontro, aquela amizade de net agora era real, tanto ela como eu nos encantamos pela cidade, apesar de pequena e parada no tempo tem uma paisagem nostálgica. Quando chegamos perto das 13h já estava baixando um fog parecido com aquela cena dos filmes londrinos. Apesar do fog presente naquele momento e que perduraria até a largada, não estava frio, ao contrário, eu sentia calor, estava abafado.

    

               Assistimos e prestigiamos a largada do percurso longo, pois Elis estaria correndo nesta modalidade. Enquanto aguardávamos Melinha me perguntou se iríamos atravessar com água pelo peito porque ouviu alguém comentando, não li nada a respeito, no regulamento dizia apenas trechos com água, mas havia lido comentários que na prova do ano passado choveu muito os riachos tiveram seu volume aumentado e, que talvez não fosse tudo isso de água.

             Alguns minutos depois é anunciada a concentração para o percurso curto, naquele momento o fog era intenso, mal podíamos ver além de 30 passos à frente. Andamos cerca de 2k, quando estávamos descendo vimos uma leva de corredores retornando, a largada seria no posto de hidratação (5k do percurso curto). A confusão estava instalada!

             Ouvi o som da voz de alguém pedindo desculpas pelo transtorno…..  e que tinha trabalhado a semana toda no percurso…….. que precisaríamos aguardar uns 2 min mais, o resto não consegui ouvir. Não preciso comentar que não havia portal de largada e sequer cronometro neste marco.

             Dada a largada enfrentamos uma descida acidentada, cheia de pedra brita solta. No começo corri no mesmo passo de Melinha, Alex e Claudio, mas vi uma brecha e me desgarrei do grupo, pensei que se eu soltasse agora o freio seria melhor, porque nos trechos de água e trilhas talvez eu fosse mais devagar… por ai fui, no final da descida viramos a direita e pé na lama!…….. uau, uma trilha e logo a seguir lama pura, nas primeiras pisadas meu tênis ficou na lama, o pé veio sem calçado, tive que espichar para conseguir calçá-lo e correr pela trilha a fora, escorreguei muito, depois veio o 1º trecho com água, só ouço o Claudiao gritando e  pumba, vai de bunda mesmo, escorrega e cai na água, deslancha e o perco de vista. Só tivemos um trecho de água que estava no nível da trilha, em todos os demais a ribanceira era razoável em que você precisava pular ou escorregar devagar para cair no riacho.

             Até ai tudo beleza!!! Consegui correr legal nas trilhas lamacentas e atravessar os riachos, eis que chega um percurso em que só pular no riacho não era o suficiente, precisaríamos andar por ele, a água estava lamacenta o que dificultava ver o fundo, restava apenas tatear com o pé e seguir…… a água batia na cintura! Pensei na Melinha com a máquina fotográfica e o cel, o meu que estava na cintura tratei de puxar a pochete para cima do peito e fui andando pelo riacho com todo cuidado quer pelo tornozelo ou para não cair; vi uma participante escorregando ao meu lado e enfiar o ombro direito totalmente na água, pensei: “muita calma nessa hora”. Atravessei o riacho, subi a ribanceira e novamente trilha.

             Sem saber estaria eu agora desbravando o último percurso de água que consistiu em escalar uma pequena cascata, mas bastante inclinada. Como eu estava com um tênis que podia enfiar o pé a água fui sem medo, mas sempre procurando pisar no firme, às vezes alguns galhos ou cipós serviam de suporte sem colocar muita força neles, mais como guia. No final da cascata um staff nos diz: agora só descida. Ah, não confie jamais!! Decerto que realmente tinha uma descida, mas não era só descida, as subidas eram igualmente consideráveis as descidas.

            Enquanto o percurso na trilha com água era paisagem de muita vegetação alta, o restante do trajeto, após a cascata, foi de trilha aberta, terra vermelha menos úmida. Detalhe, o sol e mormaço estavam mais presentes, não havia vegetação para fazer muita sombra. O terrível o fato de que desde a largada não tivemos nenhum posto de hidratação, acho que a organização pensou que pelo fato de estarmos atravessando os riachos não daria sede, e caso ocorresse, era só abaixar e beber água lamacenta?!

            Continuando as descidas íngremes Alecão conseguiu me alcançar, perguntei por Melinha e fui informada que estaria uns 10/12 min atrás, comentamos sobre a falta de posto de hidratação e, como ele tinha mais pernas foi embora.

            Segui meu ritmo, passei por uma torre de transmissão e bem adiante outra, como era clareira deu para ver o quão alto estávamos neste momento pensei na palavra que inicia este texto, pensei na falta de água e o quanto faltava para chegar no 5k, o que representava posto de hidratação. Enfim chegava ao 5k, o que representava também o final das trilhas. Pego um copo de água, imagino que falta 2k para o final, vejo no cronometro já decorrido mais de hora, fixo minha meta em cruzar com menos de 2 hs, e penso: Querer é poder, se assim quero, assim eu posso!!!

            Desbravo os 2k faltantes, agora em estrada de chão batido com pedra brita, disputando com veículos e bicicletas a mesma estrada.  Para chegar aos últimos 100 ms precisei enfrentar uma ladeira e quase me faltou pernas, mas superada a ladeira respiro fundo e trotando cruzo a chegada, antes, ouço Syssi gritando por mim, depois vejo Claudio, Alex e Elis.

          Cruzo feliz e satisfeita da vida. O tempo não era o ideal, mas para mim, com tantos entraves, foi meu Oscar da corrida.

          Infelizmente depois de pegar a medalha nada de fruta, cereal ou isotônico, acabou antes da hora?! Uma cara de espanto da funcionária ao me dizer isso. Palhaçada geral!

          A inscrição não foi barata para o tipo de organização apresentado. Ficam aqui divisores, um para o percurso que adorei, curti todo o trajeto e outro para a organização um circo armado cujos coadjuvantes fomos nós sem saber. Vasculhando o site do evento várias tem sido as reclamações quanto a hidratação e final de prova.

            Alguns minutos depois chega Melinha que também é festejada por nós.

            Meu tempo: 1h59min30seg, sem água durante 2/3 da prova, sem aditivos, somente pernas e pés.

          

           O pós prova está muito bom, 2 arranhões no braço direito e apenas uma dorzinha na coxa mas segunda já estarei nova em folha.

           Sem pensar na organização, a prova teve todo seu charme pela lama, travessia de rio, subida pela cascata, trilha, diria que uma prova-aventura sem igual!!!