Como eu sou vindo (sozinho) de uma cidadezinha do Interior, morei nos quatro cantos da Grande Sâo Paulo: Santo André (casa do Alecão em 93 e 94), Bairro da Liberdade (república mista, três mulheres e dois homens, todos japas, menos eu), Bairro de Itaquera (Cohab II, Perto da Caixa d´àgua, onde morei por nove meses – assim que pari o nenê dei-o a um casal dinamarquês e voltei para a morar na casa do Alecão (99). No ano de 2000 eu cheguei em Pirituba City. Bairro que eu gostei logo de cara por causa dos 11 minutos do trem. Isto não tem preço.

Mas com a corrida eu comecei a vê-lo com pés no chão e com olhos de poeta , penso que com o impacto vai-se acionando também o coração e sentidos dantes adormecidos.

Por causa desse amor e coisas que já ouvi falar do meu Bairro Pirituba, acabei até pedindo para o meu mais novo irmão de coração Miguel Delgado, lider mundial Baleias, quem compõe a minha tríade “Ex-sedentarioBaleias100 Juízo“, que corrigisse um insignificante equívoco de digitação no blog Baleias. É que esse maravilhoso blog é lido pelo mundo todo (não estou exagerando, este fato é registrado lá). E não queria o mundo pensasse que Pirituba é uma cidade do Estado de São Paulo que nunca ninguém foi.

Sobre as histórias. Certa vez, num local de trabalho, um colega viu um anúncio de uma casa no meu bairro e disse, sem maldade é claro, que seria uma boa idéia ter uma casa lá para veraneio, para onde ele poderia viajar nos finais de semana. Nem direi o final da história.

Mas isso me deixou meio obcecado. Cheguei a essa conclusão após refletir sobre o episódio acontecido há dois dias.

Eram 23:40 horas de terça-feira quando saí para fazer um TreinaBento de Corrida. Detalhe: descalço e sem relógio.

Jamais seria assaltado assim, pensei eu, afinal, não bastasse a falta de qualquer objeto que interessasse a bandido, estava sob a guarda do ferocíssimo Bento. Qual meu espanto quando veio na minha direção, já beirava a zero hora, um cidadão jovem todo afoito. Tive de segurar firme a minha fera (que abanava o rabo e sorria para o abrupto). O cidadão em vez de descer no ponto certo (Metro Vila Madalena) dormiu no ônibus. Sabem aquele desespero de quem acorda e desce no primeiro ponto sem ao menos perguntar onde estava. Eu ainda o vi saindo de trás do buzão.

Ele queria tomar um ônibus para direção de onde tinha vindo. Estava alucinado. Muito mais ele ficou quando eu disse que não havia mais nenhum naquele horário. O cara então disse que seguiria naquele sentido da avenida (sentido Anhanguera) até encontrar um Táxi.

Eu disse que a melhor idéia era seguir na direção contrária e ele inistiu na idéia e foi caminhando. Fui incisivo com ele, afinal, não bastasse aquela não ser a melhor opção, havendo até risco de assalto, ele ainda ia dizer pra todo mundo depois que ficou perdido no fim do mundo. Fiz ele me acompanhar, sob a promessa de que o deixaria num ponto de táxi, que além de próximo era seguro.

O tal ficou mais calmo me acompanhou alguns passos quando então parou e desconfiado quis saber porque eu estava descalço. Disse para ele ficar tranquilo que eu não estava levando ele para os ladrões que tinham acabado de me roubar os tênis (que a Mari nunca leia este blog).

No trajeto que não tinha mais 300 metros, fui mostrando e falando do Bairro e suas vantagens. Mas ele ainda estava invocado com os meus pés no chão. E me perguntou o motivo três vezes. Deixei o moço bem no ponto, localizado em frente a Avenida onde tem um Carrefour, Mc Donalds, Avenida Bandeiranes (logo abaixo da ponte) e tres vias boas de acesso à marginal. Fora um posto de combustivel dos que são point .

Voltei pra casa trotando e olhando atentamente no chão. Com a sensação de dever cumprido. Mas vou rever essa minha adoração. Talvez tenha de ficar mais contida. Quê! Descalso, trote? Ah, sim. Num outro post, quem sabe.