Inspirado pela prova que o Paulo Motta ia fazer no mesmo final de semana (III Ultramaratona Rio 24 horas) resolvi executar um treino em microcircuito, para trabalhar o pisicológico.

Fiquei a semana inteira planejando o treino. A idéia era buscar forças para continuar rodando com o pensamento nos atletas que ficariam 24 horas rodando numa pista de atletismo. Mas só isso não seria o suficiente. Não para mim. Avisei alguns amigos que faria um treinamento de comemoração ao aniversário de 1 ano cuidando da apinéia do sono através da corrida.

A princípio o Fábio Japa também faria o treino dele de 1 hora na última parte do meu treino. Inclusive deixei com ele duas garrafas de gatorades para que ele as levasse geladas. Além dele também havia escalado o Edi para correr comigo a primeira 1/2 hora de treino.

O treino.

No sábado, então, as 04:45 horas, levantei. Liguei para o Edi, arrumei minha mochila com tudo que precisava e saí. Nem tinha chegado no portão o celular toca: era o Fábio Japa dizendo que não ia mais, porque acabara de receber, naquele instante, notícia de falecimento de um tio. Ele até saiu ao portão para entregar-me os isotônicos. Dei um abraço no amigo e segui na caminhada para encontrar o Edi. Mas não o encontrei. Incrível mas nos desecontramos. Fui até a casa dele e já tinha saído e não o vi pelo caminho.

Parti então para o Parque São Domingos. Caminhada de 50 minutos com a mochila pesada. Cheguei a ficar irritado por não conseguir chegar no horário que havia planejado (06:00 horas, quando abre o Parque). Mas respirei fundo e repeti para mim mesmo que aquilo eram apenas percalços para testar minha perseverança.

Dentro do campinho havia um local onde eu pude armar um altarzinho, digamos assim, no banco de concreto, coberto, arrumei lado a lado uma toalhinha, o livro do Dean Karnazes e as garrafas com minha hidratação.

Às 06:30 eu iniciei o treino, O plano era mudar o sentido a cada 15 voltas. Já na volta de número 30 eu senti um grande desgaste, ali, sozinho. Já estava cansado do percurso e faltavam ainda muitas voltas.

Fiquei puxando tudo que foi mantra e rezas para persistir. Com 1 hora de treino apareceu o Lau, grande amigo, com uma garrafa térmica (pequena) com café quentinho. Foi emocionante. Dei um grande berro de felicidade. Tomei dois grandes goles de café sem parar o trote e segui revigorado. O Lau deixou o café comigo desejou-me forças e prometeu voltar as 09:00 horas. Durante algum tempo as voltas se seguiram muito bem. Eu estava forte e ainda muito convicto.

Com duas horas, ou pouco mais, de treino apareceu o Malcon, grande amigo e incentivador, que sempre faz questão de dizer que se sente feliz por me ver cuidando da Saúde. Ele deu um voltinha trotando comigo e não arredou o pé até o fim do treino. Depois apareceu mais um amigo o Marcos Lara. Eu já estava emocionado aquela altura.

Nesse estágio do treino os amigos molhavam a tolhinha com água gelada para que pudesse colocar na cabeça. O que dava uma grande alívio para a respiração, dada a baixa umidade do ar.

Para engrossar o coro apareceu o Lau novamente e as últimas dez voltas havia gritos e aplausos dos meus amigos.

Com 03Horas06Minutos eu encerrei o treino. Foram 102 voltas de 230 metros cada. Total de 23km. Para quem me conhece sabe que eu fiquei feliz, satisfeito. Literalmente eu berrei de agradecimento aos meus amigos.

Eu estava muito feliz por ter tido aquele apoio. Realmente, que tem amigos consegue tudo. Sozinho eu teria sucumbido com 45 voltas. O calor de uma amizade, aquele café com sabor de carinho, os incentivos, os sorrisos. Tudo isso nos faz persistir. Só não pode se emocionar demais. Duas vezes eu quase parei e não foi por cansaço. Emoção, se for demais, também nos faz parar.


Com essa cara na segunda volta?!


Isto não é trabalho ruim, viu gente.


O que é um pontinho branco no canto do campo?


Malcon e Marcos Lara. Ficaram por 1 hora lá na beira do campo.


Quando encerrei o treino


Marcos Lara, Lau e Malcon. Vocês foram demais. Não tenho como agradecer.


O Malcon não gostou da bermuda, inclusive meu deu uma de presente a noite, segundo ele: uma de homem.


Grande Marcos Lara – Grande amigo.


Local do treino.

Grande dia, grande treino. Valeu pela experiência. Lembrei-me muito da Mayumi, que faz treino deste tipo sem apoio algum. Parabéns guerreira.