Posts tagged Testemunhos Claudio

Muito tempo depois…

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Tem muito tempo que eu não posto um treino. Mas os de antes da corrida não importam mais. Mas dali em diante pouco treino, mas muito estresse e muita ansiedade no final do módulo na pós-graduação. Aliás, ficam aqui registrados meus mais sinseros parabéns ao Thiago, que enfrentou com galhardia o compromisso com a saúde em meio a faculdade, provas, trabalhos, trânsito e tudo o mais que se pode ter de prejudicial nesta cidade. O blog não foi criado para gordinhos. Mais dificil do que chacoalhar a pança pela rua é ter atitude para si mesmo diante dos compromissos que nos são impostos. E se este blog ajudou o Thiago a ter forças para se levantar com horas insuficientes de sono e prol de um objetivo maior, ficamos imensamente felizes.

A corrida foi dia 22.11., Terça-feira, 25.11, aconteceu a prova do curso a qual não fiz por não ter podido me dedicar, como deveria. Adiei o sofrimento por mais uma semana. Semana de sofrimento na qual ainda fiz três treinos. Terça a noite, a lembrança de que todos estavam fazendo a prova me fez pirar. Só mesmo dando uma corridinha para amainar o estress. Tarde da noite e por 30 minutos.

Na sexta-feira (27.11): Faltando três dias para minha última chance na pós. Eu tinha de dar uma relaxada e, assim, corri por 30 minutos, passados das 23:00 horas.

Domingo (28) a prova foi na terça-feira: Eu estava estudadndo em casa, vestido com roupa de corrida porque eu tinha combinado com a Mari que eu ia correndo até a casa da Mãe dela (D. Lola), jantar e voltar para mais estudos. Mas no meio da tarde um imprevisto aconteceu e tive de sair de supetão para levar a minha a Ana (amada irmã, grávida) ao hospital supetão. Tentei fazer um sprint de 3 quilômetros (até a casa da D. Lola). Quase morri, ainda mais que tinha acabado de almoçar (um monte, de coisa saudável, mas um monte). Sem perna, pulmão ou cor, mas ainda vivo… cheguei na D. Lola peguei o carro dela e pude levar a Ana ao hospital. Guenta mão aí Laurinha, não nasce ainda não, fia!

A bendita prova eu fiz na terça (01.12). Ufa! Agora é só treinar. De que jeito se você também não dormiu nos últimos dias, Pança Pálida? Pois é. Tinha me liberado da prova, mas do estess, de não ter dormido nos dias anteriores, ainda não tinha me liberado.

Não treinei no primeiro dia da folga (do estress pré-prova), mas como eu disse em comentário acabei sendo levado a correr pela Avenida Pompéia de terno e mochila. Que ninguém repita isso.

Quinta-feira (02.11). Saí de casa às 22:40 para treinar. Não levei nem o celular, não tinha nada que remetesse ao tempo de treino. Estava decido: só vou até o corpo quiser que eu vá. E assim eu parti, mais lento do que de costume e com as pernas pesadas, fui com “passinhos de bebê”. Mas depois de um tempo já aquecido me senti bem, o ritmo aumentou e prossegui. Achei que não passaria do MC Donalds, mas passei, por ele, pela ponte da Bandeirantes, uma voltinha curta no Líbano e, Avenida do Anastácio? Até eu me surpreendi. Afinal, eu tinha de estar cansado e querendo voltar logo, já que estava sem relógio para me policiar, mas fui até o parque São Domingos. Duas quadras acompanhando as grades do parque e volta, não pelo mesmo caminho mas pelo bairro Parque São Domingos. Quando cheguei na Rua Pirituba, que não chama rua Pirituba (as pessoas só chamam as ruas com os nomes que elas tinham 40 anos atrás), eu estava bem e fui na direção contrária ao destino de casa. Segui até poder retornar pelo fim da Avenida Hum (que não é Hum) inteirinha. Na subida do Jairo Ramos eu caminhei, mas dadas às 23:05 horas, quando cheguei, cálculo que corri por uma hora cheinha, hora das boas. Que sensação ótima. Na hora me lembrei do Thiago falando que uma semana sem treino não prejudica muito. De fato, mesmo com apenas poucas tentativas de treino e muito estress meu corpo tinha reagido muito bem naquela noite. Senti prazer. Foi carinho. Senti o coração mais fortalecido, a alma lavada e…. nada mais de sono, quando o que eu mais precisava era dormir. Defiinitivamente, eu não quero treinar a noite. Eu quero me policiar para treinar no horário que eu, Claudio Lúcio, acho que é melhor para mim.

Sexta: Quem sou eu? Onde estou? Ah sim, cama!

Hoje: acordei sozinho, sem relógio, as 05:30 e levantei. Caminhei por uma hora. Só caminhei, na verdade eu ainda espero conseguir fazer um treino de corrida por 30 minutos. Quem sabe. A caminhada serviu para uma coisa não boa. Estou com uma fome que não é minha. Estou tendo de me segurar para sair comendo até as paredes.

Na mesma noite

Cheguei

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eu tentando sorrir para a camêraPensei muito para escolher o título deste post, mas a única coisa que veio a cabeça foi a palavra “Cheguei”.

Pois é, cruzei a linha de chegada após 10 quilômetros.

Na largada tudo é muito emocionante, aquele mar de gente com camisa azul. Depois foi 1, 2, 3 quilômetros… cansando… 4… e me deu hiperventilação, foi uma sensação muito estranha e continuei andando a passos largos e rápidos, sempre ditados pelo Claudio que me acompanhou o tempo todo, mesmo tendo folego para ir a frente.

Ai por diante foi alternância entre corrida e caminhada, mais caminhada que corrida. Meu corpo aguentava mas minha respiração não… Parecia ser impossível a chegada. No quilômetro 7 consegui até uma boa arrancada e finalmente  CHEGUEI. E tem até um vídeo para mostrar isso.

A maior alegria foi ter o apoio do Claudio o tempo todo do meu lado, falando, incentivando, torcendo e me envergonhando 🙂 . E o abraço na linha de chegada foi o dos melhores.

Consegui, consegui, consegui, consegui, consegui… eu Cheguei…

Cuidados Básicos – 3

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O retorno no cardiologista está marcado para quinta-feira, 19.11.2009. Chegando a data me dei conta de que não tinha pegado pedido de exames. Sem ele, dificil um acompanhamento. Liguei e passei correndo na sexta-feira para retirá-lo a tempo fazê-lo antes da consulta. Como sempre faço um dia útil antes, sequer li o exame, dobreio-o e guardei no meio do livro do Dean Kernazes. Quando fui lê-lo, ontem, que percebi que tinha exames novos, nunca feitos antes. Trata-se de exames específicos para diabete. Um deles é o chamado teste da curva glicemica, para o qual deverei ficar duas horas no Laboratório. Então aquele açucar todo no sangue do último exame pode não ser apenas a barriga, como amenizou o médico. Embora eu tenha dito aqui em casa que não ficaria estressado caso a suspeita se concretize, devo confessar: estou ansioso. Ainda mais que não tinha nenhum laboratório que pudesse faze-lo logo. Só o farei dia 23.11. Terei de voltar ao médico (19.11) sem o exame. Chato isso.

Aguarde que eu conto o desfecho disso.

Passa logo, tempo

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Mês de novembro é dificil para todo mundo. A falta de posts por aqui representa bem isso. Estou bastante ansioso com relação à avaliação de final de semestre lá na PUC. Quanto aos treinos, sou grato à insanidade do mês de outubro. Graças àquele esforço todo agora quando consigo ir à rua agora, faço com tranquilidade. Claro que sem grandes expectativas. A última corrida tinha sido na quarta-feira a noite. Quinta e Sexta sem treino e sem sono digno. Sábado eu não corri, mas fiz bastante exercício físico incluindo agachamento, flexões de braço e outros mais. Domingo, nada.

Saí para treinar segunda a noite, às 22:40 horas. Embora tivesse disparado o cronômetro eu não olhei para ele nenhuma vez durante o treino. O treino fluiu muito bem. Foi também o meu terceiro treinabento. Foram 45 minutos. Mesmo passando das 23:00 horas muitos carros na rua, o que não combina com treinabento. Não ter ficado preso ao relógio foi muito bom. Acho que só não prossegui por mais tempo porque estava com a boca seca. Da próxima vez levarei uma garrafinha. Espero que este mês passe logo, mas que não deixe sequelas. Meus projetos para o mês de janeiro inclui fazer uma sonoterapia.

Para me lembrar e persistir

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Tenho de colar estas notícias da folha, para não me esquecer que ainda estou nos primeiros passos para um sono bom. Livre de mazelas como as descritas. Se eu estivesse como no primeiro semestre certamente teria vergonha de veicular isso. Mas agora deve servir como um alerta de que há um caminho ainda muito longo para eu percorrer. Eu estava no fundo do poço. Comemorei aqui, com você, ter tirado os pés do lamaçal. Mas é chegada a hora de me dar conta de que estou apenas segurando na ponta da corda presa ao sarilo. Cabe só a mim, persistir, e girá-lo uma vez por dia, todos os dias, até que eu finalmente saia do poço para a plenitude da vida.

Primeiro ato de resignação: Tenho de dizer, mesmo com essas notícias. Só fiquei uma hora e meia na cama. Inconcebível. Antes de entrar no escritório tomei um café expresso amargo e um energético (um cada mão, alternando as goladas) revendo a cena, agora, é deprimente. Se já dei o primeiro passo, tenho de partir para o segundo, depois o terceiro…

Também treinei duas vezes a noite, fugindo do que eu havia programado. Voltar ao plano A.

Não posso perder o foco.

EU CONSEGUIREI!

(more…)

2º Treinabento de corrida

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Gostaria de postar este título em forma de cordel, mas o adiantado da hora não me permite este luxo. Bem. Não treinei sábado, domingo, segunda e terça, por uma série de desculpas, as quais não valem a pena falar.

Terça-feira, minutos antes do apagão ia caminhando pela Paulista quando de repente reconheço uma bike, bem atípica em razão do garfo segurar a roda dianteira por apenas uma das extremidades do eixo. Muito louca, do lado da bike dois caras sentados no café que tem na entrada do conjunto nacional. Eu jamais os reconheceria, mas a bike… Não resisti e tietei mesmo. Pedi permissão para cumprimentá-los e ganhei dos amigos. Foi um encontro realmente inspirador. Acho que é o universo conspirando para a gente se tornar no que diz o nome deste blog.

Carlos Dias e Francisco. Que acabaram de chegar dos Estados Unidos após cruzá-los por 5000 kilomentos, corridos em 2 meses. O Carlos correndo e o Francisco pedalando. A saga dos dois está no site webrun e no blog do Carlos Dias, há citação também no blog do Rodolfo Lucena e outros tantos que admiram os feitos desse ultramaratonista e mega ser humano.

Quarta-feira, cheguei mais cedo da puc e as 23:00 horas me joguei na rua acompanhada do meu fiel amigo Bento. Cachorrinho, bonito, esguio, magrinho, que inveja. Se comportou muito bem, não tive de puxar a guia ou tirá-lo da minha frente nenhuma vez sequer. Sempre do meu lado, galhardio. Orgulho do dono. Foram 22 minutos de trote dos bons. Decidido nas subidas. Pomposo nas planuras e eficente nas descidas. Muito bom. Poderia ter treinado mais um tempinho, mas esta semana está bem estressante.

Sem planejamento, sem relógio, e muito bom

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Prefiro treinar sempre pela manhã. Dificil não desejar isso depois de ler o livro Semente da Vitória, do Nuno Cobra. Não consegui levantar na terça e na quinta (ontem) de madrugada sequer fui capaz de ouvir o despertador. Como comentei com o Alecão, à medida que meu sono vai melhorando, mais dificil também fica levantar com poucas horas de sono. É o meu organismo entrando nos eixos. Agindo e reagindo como o de uma pessoa normal. Esse pensamento, no decorrer do dia, deu-me um certo alento.

Três meses de blog e tenho a dizer que estou começando a sentir mudanças de postura e atitude, que estão mais espontãneas no que diz respeito às corridas. Ontem a noite, em casa, por exemplo, comecei a me alongar no tapete sala, enquanto conversava com a Mari. Esticava daqui, puxava de lá, e tentava, nos intervalos, executar a pranchinha ensinada pelo Thiago (as séries não passam de vinte segundo, quando o recomendado é um minuto, cada). Alongado e, mais do que aquecido com aquele calor todo, decidi correr. Mas na boa, porque deu vontade e não porque eu não tinha corrido nos dias e horas planejados. Simplesmente me joguei na rua. Sem relógio. Sem pressa. Passinho curto. Movimento de braço e postura ereta (ai minhas costas). Encontrei um amigo: o Edy. Corredor único, porque não conheço ninguém como ele, capaz de subir correndo de madrugada (05:00 hs)o Pico do Jaraguá, mesmo tendo jantado às 23:00 horas da noite anterior, um ultra mega porção de torresmo. Caminhamos uns 15 minutos, planos de treinarmos juntos de madrugada, o que para ele não é problema, e de lá parti no meu trotinho safado. Mas confortável. Desafiador no ponto certo, mas confortável. Muito mais confortável do que a caminhada da segunda-feira. Corri pela Avenida 1, que não se chama 1, antes que chegasse no fim dela, encontrei o meu vizinho Fábio, que não é o Namitu, mas o Yamamoto, que vinha da direção contrária, de bike. Até prometeu me acompanhar todas as quintas, se for a noite (ele não consegue nem quer tentar levantar de madrugada). O Japa é uma figura, mesmo fumante, subia correndo o Pico do Jaraguá puxando o skate, em cima do qual, desce alucinadamente por aquelas curvas mortais. Como eu dei meia volta para poder falar um pouco com ele, indaguei-o se aquele meu trote era safado demais, visto de longe. Como amigo, entusiasta e também feliz pela minha inciativa, acabou exagerando ao dizer que era até bonito. Depois se corrigiu dizendo que o que importava era que com o tempo o trote viraria corrida. Agora sim Cara Amarela.

Foram dois vai-e-vens pela Avenida Um, com as caminhadas do antes e depois. Eu não vi a hora que saí. Cheguei às 23:00 horas. Tomei um banho e ainda fui ao Extra fazer compras para casa. Pulei da cama hoje às 04:45 e meio zonzo vi que garoava e fiz as minhas contas. Bom. Seis horas de intervalo entre um treino e outro não teria problemas, mas só duas horas e meia de sono. Daí não dá. Voltei pra cama. Decisão sensata. Decisão correta.

Feriadão sem treinão

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Sábado eu não treinei. Mas não lamentei, porque foi um dia em que fui pró-ativo. As brincadeiras com o filhão na praia, teriam sido bem outras caso eu não estivesse labutando em direção ao ex-sedentarismo.

Domingo: Caminhada ritmada por 120 minutos (das 08:00 as 10:00) na ciclovia de Praia Grande, na companhia do meu anfitrião. Muito bom.

Mas bem que eu poderia ter terminado o domingo sem ter ingerido tanto alcool e comido tanto churrasco. Abusei realmente. Missão pós esbórnia: DELETÁ-LA da mente e bola pra frente.

Segunda-feira. Acordei tarde e sentindo o peso de toda aquela carne da noite anterior. As 17:00 saí como quem iria correr a São Silvestre. Que nada. A quantidade abusrda de café que tinha tomado desde o almoço (para não dormir enquanto estudava para a pós) fez com que eu sentisse uma queimação danada no estômago e a boca seca demais. Também estava encanado por não estar usando bermuda térmica (viciei). O combinado era que eu corrreria num circuito (Raimundo-Marginal- Toronto-City-Anastácio-Mutinga-Raimundo) de sete quilometros. Só caminhei. 01:20 de caminhada contando duas paradas para molhar a boca.

Não treinei hoje de madrugada. Disso me arrependo, porque na quarta-feira o bom senso já me proibiu, pelo menos até dezembro (folga da pós). Esta foi a veradeira mancada da semana. Não fazer o treino da terça (eleito por mim mesmo como obrigatório).

Impus para mim que terça e quinta são de treinos obrigatórios, para os quais levantarei 04:30 mesmo que eu não precise (neste caso posso aproveitar para caprichar na hidratação e aquecimento). Sexta me impus atividade. Já que não tenho um cross country ainda, vale uma caminhada ou treino introspectivo como o da última sexta (quem dera eu tivesse um toda semana).

Fica registrado o ponto negativo pelo não treino no dia de treino obrigatório.

Diga-me tudo não esconda-me nada

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Sexta-feira: Pulei da cama às 04:30 horas. Poderia ter ficado mais, porque a Mari estava de folga por ser funcionária pública municipal. Enrola daqui faz cera de lá. Vou de carro ou parto a pé? Enfim, 06:00 estava eu na Avenida Edgar Facó cujo canteiro central se encontra bem arborizado com uma trilhazinha de chão batido. Excelente. E as arvorezinhas meio que amenizam o monóxido de carbono. Também há a companhia de corredores, caminhantes e cachorreiros. Gosto de todos eles. Admiro os caminhantes. Adoro cachorros. E sou fã inverterado de corredores, quaisquer deles.

Creio que o vai deva ter uns 700 metros e o vem, idem. Estava eu no segundo vai-e-vem quando sinto uma vontade de tentar abrir a passada, ritmando-a para aprender a correr e deixar os trotes para quando estiver pilando calçadas, esperando faróis abrirem, subindo e descendo sargetas e pegando as lombas, tal como o treino de quinta (aliás, delicioso).

Isso era o que desejava naquela planura, chão macio como um chão deve ser para as articulações dadas as proporções do concreto: Inimigo número zero do corredor.

Mas meu desejo foi contido por uma voz abafada, que parecia tentar sair de um rocambole de banha. Estranho aquilo, de onde vinha? Era eu mesmo. Mas lá dentro. Do coração, já menos atolado em banha do que antes.

Quando ele percebeu que eu o ouvia tratou, de dizer rispidamente:

– O que você está tentando fazer? Acelerar? Correr? É sensato? Você nem ao menos se alimentou para isso. Vem treinando todos os dias em Jejum. Essa dor que anda lhe afligindo nas costas, acha que é do quê? Massa magra se dissipando juntamente com o suor. Não era isso que você estava fazendo consientemente? Pois então. Aceite este estágio. Não acelere, aliás, diminua já porque tenho mais coisas para lhe falar.

De repente eu diminui mesmo. Não sei o quanto. Mas sentia que o movimento era contínuo. Era trote. Leve, mas trote. Não sentia esforço algum, nem aquela sensação besta de que o treino não está valendo de nada por falta daquela pitadinha de esforço necessário para ser o minimamente desafiador. Não sentia o trote. Sentia o corpo simplesmente indo. Muito ao contrário do que acontecia minutos antes, quando eu queria dar um pau na máquina, com sofrimento, apenas para não perder a oportunidade do local. Achei até estranha aquela introspecção que me acometia, justo ali no meio de um trânsito parado. Pessoas já estressadas. Pontos de ônibus lotados. Era o último lugar que eu imaginava fosse acontecer isso, considerando os lugares e horários de plena paz que costumo treinar. Mas aconteceu. Não via nem ouvia nada. Abaixei a cabeça sendo levando pelo movimento automático. Meu coração então dizia:

– Cláudio, já parou para perceber realmente se o seu primeiro objetivo de retorno às corridas já não foi alcançado. Convido-o para lembrar de como se sentia ontem a noite. Não estava exausto? Exaurido ao ponto de não ter disposição para ler sequer um bilhete da sua amada? Cansaço intenso? Muito bem. Mas será que não este não era um pouco diferente do cansaço intenso que sentia três meses atrás. No cansaço de ontem você desejava a cama. Baixinha de quadril largo e acohedora. Desejável e acessível. No cansaço de antes, você desejava era um milagre diante do desespero de saber que a cama era o último lugar que você poderia se sentir bem. Onde você se afogava. Isso quando não era surpreendido com um refluxo que mais parecia um golfada, que de tão amarga, azedava-lhe a própria vontade de viver até o almoço do dia seguinte. A solução então era se sentar no sofá para acordar 40 minutos depois com a pança embebida em saliva morta (baba) e a nuca doendo. Arriscava ir até o quarto mas desitia no meio caminho, retornado ao sofá para mais uma sessão de 40 minutos com baba no barrigão e torcicólo no nucão.

– Você se lembra disso? Pois é a hora de agradecer a dádiva. Seu esforço já fez com que você voltasse a dormir na horizontal. Na cama. Ao lado da mulher que tanto ama. Sono que se ainda não está perfeito ao menos repara-lhe do cansaço mil vezes mais do que antes.

Eu ouvi tudo aquilo. Foi dito pausadamente. Enquanto ouvia, sentia que passava um vai-e-vem, seguido de mais um, depois outro. Tudo com o corpo se movendo sozinho para que eu pudesse ouvir e sentir tudo que eu precisava.

De fato. Uma transformação já ocorreu. Posso agora dizer que voltei para o aconchego de uma cama, a minha cama, onde também dorme a mulher mais linda do mundo. Outrora, é claro, me envergonhava em dizer pra quem quer que fosse, o que realmente estava acontecendo e como estava acontecendo.

Eu estou ficando poucas horas na cama, mas elas me estão sendo infinitamente mais proveitosas. A forma que tenho de retribuir é levantando às 04:30, mesmo com audiências, prazos, clientes, pós graduação, trânsito, mau humor geral e a mediocridade. Não quero mais a mediocridade na qual eu estava vivendo. Quero gozar. Gostar, amar, viver e principalmente aprender para compartilhar com a pessoa mais importante na minha vida que é o Henrique.

A fala de mim para mim mesmo foi um alerta de que eu estava começando a deixar de usar o exercício físico como um acarinhamento. Por que querer acelerar se o combinado era que eu me acarinhasse doce e levemente. Calma. Tudo terá a sua hora. Num dado momento o corpo pedirá mais intensidade, quando então a dieta será de aporte. A maratona não vai embora. Ela está lá no cume me esperando, sem pressa. Talvez ela custe muitas tentativas frustadas, já que requisita que eu esteja dominando a minha ansiedade.

Fui tomado por uma paz. Um alívio e um alento. Mais do que isso, uma certeza de que estou aprendendo. A certeza de que não sou mais um adolescente. A certeza de que a maturidade me trará obstinação e perseverança por mais cíclico que possa parecer a corrida pelo “sucesso”.

O dia de hoje foi especial. Senti-me radiante. Senti-me bonito com o terno recem chegado da lavanderia após ter ficado três anos num canto mofado do guarda roupa. Eu sorri muito hoje. Sorri para todo mundo. Deixei as amarras em casa, junto com a gravata. Junto com o cinto (de castidade? Será?) Despojado, jovial e sedutor. Seduzi meus amigos do trem. Conquistei expressões exclamativas. Que gostoso ouvir um como vc está bem. Visivelmente feliz. Alegre e, lógico, palhaço.

De noite, após ter ido a esbórnia com pizza. Eis que a minha amada me presenteia com um shorts de corredor. Da adidas, azul, lindo, mas tão pequenino. Será que me serve? Não é que serviu. Olhe, combina com os tênis novos, ainda não estreiados. A camiseta branca deu o arremate. Faltava alguma coisa… CORRER. Pois fui “correndo” cumprimentar o natalício de um amigo que ainda estava no trabalho, a um quilômetro daqui. Voltei de lá por uma lomba de responsa e os últimos tres quarteirões foi de um inédito sprint, assim considerada uma corridinha não lenta, mas longe de ser rápida. Cá estou eu, 01:22, feliz da vida a contar a epopéia do dia de hoje.

Se chegou até aqui. Agradeço a paciência.

Na levada do Zamith

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São 06:31 horas. Acordei às 04:32 horas, com vontade de chorar, só levantei mesmo porque me lembrei do post do Thiago do qual transcendia alegria e orgulho. Ah… Eu também quero, pensei.

Levantei
tomei água
tive ânsia (hei de acostumar a isso, ainda)
fui ao banheiro
voltei
Cadê a roupa?
Fui lá fora
peguei a roupa
vesti
mais água
jaqueta
e rua (05:05 horas)

Hoje foi da hora. Como esqueci o celular no escritório, fui sem relógio nenhum mesmo, mas em compensação fiz um percurso de corredor, de verdade. Corredor que ainda trota, bem devagarinho. Sai pela Mutinga pela esquerda chegando do treino pela direita. Hoje iria bem um mapinha. Cinquenta e cinco minutos. Muito bom. Na maioria das vezes, na madrugada, fico vai-e-vem de olho no tempo, para ver se ele passa. Hoje não. Desenhei o percurso de imediato e só fui curtindo-o, orgulhoso. Eu sabia que não demoraria muito. Muito bom Garotão.

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