Viaje para o maravilhoso mundo da Iracema através de suas cantigas.
Oportuna a lembrança, aqui, nesta página, de uma cantiga que a Iracema cantarolava para todos os netos, um a um, em seu colo, num dialeto indecifrável naquela época. Decifrá-lo hoje, seria arrancar da cantiga toda a magia que se fez alojar na memória dos netos.
Por isso, abstraia da sua mente a escrita, porque a cantiga está grafada como se pronuncia mesmo e viaje no tenro tempo de criança. Tempo em que sobre um aconchegante colo de vó, netos deliram com o doce encanto de um canto e galopam no alazão alado de suas puras fantasias:
Dru deru deru ná
varque tu te piãn
de varso e zure
andare de milãn
de passo…
de trote…
de galope, galope, galope, galopeeeee…
(versão lembrada por Claudio)
Druderu interpretado pela Olívia
Outra:
Dêngo milêngo
senhor capitêngo…(bis)
(lembrada por Claudio)
Quem não tinha medo desta?
A vó Iracema, como toda avó, cantarolava o nana nene pra gente. “A Cuca vem pegar” já era de botar medo e fazer despertar, agora imagine as fantasias que esse final provocava…
“Ru, ru,ru…atrás do murundu, lá vem o homem feio com um pedaço de angú…”
(lembraça de Donana)
Sons de bichos
Já ouviu os som que o pato emite?
E a galinha d’angola? Bom, galo todo mundo já ouviu.
Mas que prosa é essa, afinal? Perá ai qu’eu já explico…
Nós, crias de Dundes, educados em parte pela vó ‘racema, aprendemos a
liguagem dos bichos do sítio com a seguinte história:
A vó dizia que o galo ao se levantar, andando pelo terreiro, logo ao primeiro raio de sol, se depara com um belo cocozão mole e esparramado. Indignado, estufa o peito, bate as asas e grita:
– Quem cagô aqui!(imagine um ..qui-ri-qui-qui !!!!)
A fofoqueira da galinha d’angola, não se contem e denuncia o culpado:
– Foi o pato, foi pato…( Imagine agora o Tô fraco, tô fraco …)
O pato com uma cara de sonso, típica de quem sempre paga o pato,
esticando repetidamente o pescoço pra frente e recuando pra trás,
respondeu num sussuro soprado vindo lááááá de dentro do peito:
– Foi cú, foi cú…
Era assim que a vó ensinava a gente a imitar os bichos do sítio, mas na verdade, isso era apenas uma maneira de fazer a gente rir.
(Escrito por Donana, mas lembrado pela Lú)
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